Notícia

Tão impactante quanto a instalação “A Água”, vitrais, escadas e, principalmente, história fizeram brilhar os olhos dos visitantes 

        A experiência inovadora do Tribunal de Justiça de São Paulo, de permanecer aberto por 24 horas durante a Virada Cultural 2013, foi um sucesso. Na 9ª edição, promovida pela Secretaria Municipal da Cultura de São Paulo, no último final de semana (das 18 horas de sábado às 18 horas de domingo), 2.507 pessoas subiram os 22 degraus da escadaria central, que dá acesso ao Palácio da Justiça, e deixaram ali registradas as suas visitas. Estima-se que o total de visitantes tenha ultrapassado a casa dos 3 mil.
        Desta vez, as filas formadas na entrada do prédio não eram de profissionais ligados à área jurídica: pessoas de todas as idades apreciavam a arquitetura palaciana. Para receber bem a população, servidores (cerca de 150) trabalharam durante toda a Virada, incluindo administração, manutenção, segurança, fiscalização, limpeza, cerimonial e comunicação social.
        As seis visitas monitoradas previamente agendadas não foram suficientes, e outras extras foram realizadas. O público, dividido em grupos para percorrer as principais salas do Palácio, teve uma verdadeira aula de história sobre a justiça paulista e o prédio que abriga a sede do Poder Judiciário, com a apresentação de detalhes arquitetônicos e curiosidades de suas histórias.

        O Salão dos Passos Perdidos, que abrigou o projeto “A Água – A Instalação”,foi percorrido por muitos passos de alegria. Crianças, jovens, adultos e idosos tiravam seus sapatos para viver momentos de relaxamento e descontração, passeando “sobre as águas”, brincando com seu próprio reflexo e fotografando a beleza da obra. O piso foi revestido com tapetes de placas plásticas e, com o auxílio de luzes, refletia ondas, como se fosse água nas enormes colunas jônicas de 15 toneladas que circundam o local. A sensação era a de andar sobre as águas e ainda ver sua profundidade, que nada mais era do que o teto refletido, como se fosse o fundo.

        A imagem das águas impactava, mas não parava por ali: continuava refletida no brilhos dos olhos dos que seguiam para o Salão do Júri, que serviu de local para o aprendizado histórico, com breve palestra e a exposição “Palácio da Justiça – 80º Aniversário de Inauguração”, com detalhes do projeto, construção e ocupação do Palácio, primeiro imóvel construído para abrigar a sede do Poder Judiciário paulista. Entre as peças expostas há objetos e documentos originais, como a colher de pedreiro que assentou a pedra fundamental do prédio; instrumentos do acervo do Judiciário e informações sobre pessoas que fizeram parte de sua história; objetos do Tribunal do Júri no início do século XX e mobiliário de estilo fabricado pelo Liceu de Artes e Ofício especialmente para o Palácio da Justiça.

        Os grupos visitaram também a sala “Desembargador Emeric Levai”, que contém parte do acervo do museu do TJSP, e o “Espaço Cultural Poeta Paulo Bomfim”, que abriga o acervo pessoal – medalhas, livros, honrarias e cópia do quadro de Anita Malfatti que retrata o poeta. Há, ainda, peças, utensílios e uniformes que pertenceram aos combatentes da Revolução Constitucionalista de 32.

        Ao subirem a escadaria de mármore Carrara, com exuberantes vitrais em direção ao 5ª andar, quem veio ao Palácio conheceu a “Sala Ministro Costa Manso”; seus afrescos e detalhes são um show à parte aos olhos e sentidos. Ali também eram passadas as informações históricas do local.

        O inovador Comitê de Ação Social e Cidadania do TJSP (CASC) uniu cultura à solidariedade. Quem esteve no Palácio da Justiça recebeu informações sobre a campanha “Doar é Legal – A Vida é Recarregável”, que busca, por meio da conscientização, alertar sobre a importância da doação de órgãos. Mais que isso, as pessoas foram orientadas sobre a contribuição, para que a vida de outra pessoa tenha continuidade. A ação do CASC deu resultado: ao todo, durante o final de semana, a campanha angariou 340 adesões.
        Nesta Virada Cultural, o TJSP demonstrou que nos ares do Palácio da Justiça se respira arte, cultura e história. Que a vida forense não é composta somente por processos, audiências e julgamentos... As suas portas continuam abertas aos que quiserem conhecer um pouco mais da maior Corte do mundo. Agora, a porta de seis toneladas fica aberta durante o horário de expediente, de segunda a sexta-feira, das 11 às 19 horas. Vale conferir.

 
        NR: Texto originalmente publicado no DJE de 8/5/13.

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