Seminário “Vozes da Cidade” é realizado na EPM

        Foi realizado hoje (4), na Escola Paulista da Magistratura (EPM) o seminário Vozes da Cidade, promovido em parceria com a Corregedoria Geral da Justiça. O evento teve a participação do corregedor-geral da Justiça, desembargador José Renato Nalini, coordenador do evento; do deputado federal e professor Gabriel Chalita; do arquiteto José Armênio de Brito Cruz, presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil – Seção São Paulo; do arquiteto e artista plástico Paulo von Poser; da socióloga Barbara Freitag Rouanet; e do representante do “Movimento Passe Livre” Lucas Monteiro; além de magistrados, advogados, servidores e profissionais de outras áreas.

        Na abertura do evento, o desembargador José Renato Nalini observou que os magistrados paulistas ficaram impressionados com as manifestações populares de junho, que aparentemente nasceram com a irresignação em razão do aumento das tarifas de ônibus, mas logo tornaram-se apelos difusos, com a expressão de que algo está contido na comunidade e ela finalmente exprimiu sua voz para mostrar que há descompassos entre o discurso e a prática. “É importante que estejamos atentos a essas manifestações, porque a promessa da democracia participativa foi feita há 25 anos – amanhã a Constituição Cidadã completa um quarto de século – e Constituição Cidadã é aquela que abre espaço à participação da cidadania.”

        O desembargador também ressaltou que o Judiciário tem o maior interesse em ouvir esse clamor popular: “Temos concepção de que não conseguimos mostrar à cidadania que ela tem condições de resolver seus problemas por meio de diálogo, consenso e participação”, salientou, ponderando que, se o Judiciário atende todos os pleitos, mas de forma burocratizada e lenta, não será possível contar com uma cidadania ativa e capaz de dialogar. “Esse evento mostra a disponibilidade do Judiciário em ouvir essa cidadania insurgente, que é uma prova de que as pessoas querem se fazer ouvir”, concluiu.

        O artista plástico Paulo von Poser discorreu sobre alguns de seus projetos e apresentou imagens de suas obras. Destacou a importância do cuidado e do envolvimento de todos com a questão urbana e ponderou que não é justo obrigar as pessoas a conviver com problemas como a poluição sonora e outros tipos de poluição, a falta de natureza, de espaço de convivência e de perspectivas: “A cidade precisa de uma transformação radical, porque São Paulo e os paulistanos merecem um horizonte mais generoso”, frisou.

        O deputado federal Gabriel Chalita ressaltou que a juventude foi às ruas em junho por uma causa ou indignação, da mesma forma que aconteceu durante as “Diretas já” e outras mobilizações de grande porte, mas destacou a necessidade da reflexão crítica: “A essência dessas manifestações é a consciência de que a resolução desse problema passa pela manifestação popular, mas existem, também, aqueles ‘magoados’, em movimentos que não dizem a que vieram e que estão sujeitos a mudar de opinião, sendo importante que os gestores, os juízes e educadores tenham serenidade e busquem sempre aquilo que é certo”, analisou. 
        
O arquiteto José Armênio de Brito Cruz apresentou um panorama histórico da evolução da Arquitetura no Brasil e citou o déficit de profissionais desta área no País (100 mil), em relação à demanda por moradias (cerca de 5 milhões). Ele explicou, ainda, as etapas do projeto arquitetônico, frisando que representa um importante instrumento democrático para a utilização dos recursos públicos: “No Estado de São Paulo, a população urbana brasileira cresceu 30 vezes nos últimos 50 anos, sendo que 25% das construções realizadas nesse período foi investimento público e 75% com investimento privado, proveniente das economias dos cidadãos, bem como dos banqueiros, e precisamos de um planejamento urbano de, no mínimo 20 anos”.

        A socióloga Barbara Freitag Rouanet apresentou uma visão da cidade a partir das personagens de três obras da escritora Clarice Lispector: “Cidade sitiada”, “Uma aprendizagem ou o livro dos Prazeres” e “A hora da estrela”. “Clarice Lispector traz, nessas obras, a essência urbana, traçando um paralelo da evolução da cidade com a emancipação da mulher”, salientou.

        Na última exposição do encontro, o representante do Movimento Passe Livre Lucas Monteiro lembrou que, durante o mês de junho, a população de mais de cem cidades do Brasil tomou, provisoriamente, o controle da gestão dos transportes, usando como arma a própria cidade. “A lógica de construção das cidades, entre elas São Paulo, foi voltada para o automóvel e para os negócios, sem ouvir as demandas populares, excluindo as pessoas dos benefícios de se viver no ambiente urbano”, ressaltou. Frisou a importância de se priorizar o investimento no transporte público e defendeu a tarifa zero: “Para que possam conhecer a cidade e usufruir seus benefícios, as pessoas precisam ter condições de se deslocar por ela”.
        Assista ao vídeo com o resumo das palestras.

        Comunicação Social TJSP – MA (texto) / MA e DR (fotos)
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