O amor pela música de um descendente da Grécia antiga

        Como seus antepassados gregos, Pedro Georges Eleftheriou concentra várias profissões em uma única pessoa: poeta, músico, produtor artístico, sonoplasta e funcionário do Tribunal de Justiça de São Paulo.  O retratado neste mês no Projeto Jus_Social tem 30 anos como produtor artístico independente e 30 anos de TJSP. O sobrenome Eleftheriou, que significa libertador, vem dos pais, Georges e Stamatia – imigrantes que, fugidos da depressão do pós-segunda guerra mundial, instalaram-se no Brasil se arriscaram por uma vida melhor num país promissor. Pedro nasceu na capital paulista, no bairro do Ipiranga, bem ao lado do local da Independência. Formou-se sonoplasta e engenheiro de gravação e mixagem e iniciou sua carreira em estúdios e em rádios o que, segundo ele, foi uma consequência inevitável partir daí para as produções independentes, pois na época o acesso à gravação e à produção musical era proibitivo.
        
O servidor-músico fez produção artística e a gravação de vários LPs e CDs de bandas brasileiras, inclusive apresentando a primeira Ópera-Rock do Brasil com o grupo III Milênio (CD lançado na França). Outros trabalhos reconhecidos internacionalmente foram os dois Cds do Blezqi Zatsaz, com o tecladista Fábio Ribeiro (lançados na França e na Itália). Ele passou por diversos estilos musicais, sempre buscando fazer algo diferente do que as gravadoras e multinacionais propunham como música de consumo. Para Eleftheriou, o auge da carreira foi o trabalho que produziu com o grupo italiano Ataraxia (CD A Calliope) com tiragens em diversos países (Brasil, Itália, Espanha, México, Alemanha e China). Depois de muitas viagens e turnês, diminui o ritmo porque sentiu que precisava estar mais presente ao lado da família, da sua mãe, da esposa e dos filhos Ioannis e Catherine.
        
TJSP na sua vida – Eleftheriou relata que em suas leituras, "assim como no sangue, a filosofia esteve sempre presente e, do ideal de transformar, veio a paixão pela poesia e pela música – a utopia sonhadora do aprender e do buscar. Afirmou-se na antiguidade helênica que a Justiça é uma virtude, então quando surgiu a oportunidade de um concurso, me envolvi, seria meu outro quinhão para a sociedade”. Ingressou no TACrim (Tribunal de Alçada Criminal) em 1984, com 20 anos, carregado de sonhos e de ideais de um mundo melhor. O escrevente técnico judiciário trabalhou em áreas diversas da atividade cartorária. Em sua trajetória se incluem Diretorias Técnicas, Microfilmagem e Xerografia, chefia da manutenção e Diretoria da Gráfica. Após a unificação dos Tribunais, retornou ao setor de manutenção onde permanece até hoje. “Isso tudo, durante o dia, mas a noite é uma criança e ela sempre gostou da música”, declara.
        
O seu fruto artístico – Pedro revela que, por ideologia, nunca trabalhou com gravadoras do “mainstream” e sempre buscou dar a sua contribuição por meio da liberdade de expressão e do pioneirismo do mercado independente. Uma semana antes de falecer, sua mãe lhe pediu para deixar de produzir para os outros, parar de perder tempo e fazer o seu trabalho. Começou a esboçar o trabalho no mesmo dia. Durante a doença (três anos de luta contra o câncer), começou a estudar musicoterapia e passou a compor alguns temas, que tocava noite adentro, para lhe amenizar o sofrimento da mãe. “Mesmo sufocada pela dor, ela ainda encontrava palavras de incentivo para que eu levasse esse projeto adiante. Depois que encontrou o conforto nos braços do criador, resolvi que, a todo custo, faria esse projeto se tornar realidade. E aconteceu!”, revela emocionado. O fruto é o CD instrumental intitulado “O Sublime Poder do Caminho”. Segundo ele, um projeto criado a partir de algumas experiências que o levaram a concluir que “o amor, quando sublime, pode trazer um verdadeiro sentido e significado à nossa existência. Daí o nome Sublimis Amoris. O “leitmotif” desse trabalho busca transformar a expressão do sentimento humano em arte palpável, estabelecendo uma relação entre a música e a mente, entre a música e as emoções”. A masterização (finalização sonora) foi realizada no lendário estúdio de Abbey Road, em Londres, pelo veterano Peter Mew que trabalhou com os Beatles, David Bowie e Marillion. Para Eleftheriou, "as dezesseis faixas autorais inéditas não são apenas uma linguagem subjetiva, mas como citado por Goethe, a música é um meio transcendente, absoluto, de compartilhamento de sensações rumo a uma esfera superior de ordem e de beleza. O resultado é uma música que permeia entre o neoclássico e o contemporâneo". Boa parte do trabalho, composta em parceria com o maestro e arranjador Gil Vieira, está a espera de uma oportunidade para uma apresentação ao vivo, com todos os músicos e a Orquestra de Câmara. O CD também teve a participação especial da poeta russa Margaret Gudkov que, gentilmente, escreveu os poemas que acompanham os encartes. Pedro fez a versão poética em português. Três faixas do CD possuem vídeoclip no YouTube, as imagens foram filmadas na Romênia. Conheça um pouco do seu trabalho, a canção 14, Oamok (Love Theme).
        
Mensagem – “Na época dos grandes filósofos gregos, falava-se que aquilo que é grande e sublime é aquilo que quando admirado, nos faz ter o ânimo suspenso por um certo tempo, sendo muito difícil resistir à ação emocional e esta sensação se conserva firme e indelével em nossa memória. A música que componho revela o sentimento escondido no cerne da alma, em contraposição à explosão imposta pela mídia, ao consumismo do vulgar e do descartável. Quero me apartar da esterilidade que hoje ocupa a vida humana e isso só será possível no dia em que toda a música, a literatura e a arte forem virtudes!”, finaliza.

        
Projeto Jus_Social – Este texto faz parte do Projeto Jus_Social, implementado em março de 2011. Consiste na publicação no site do TJSP, sempre no primeiro minuto do primeiro dia de cada mês, de um texto diferente do padrão técnico-jurídico-institucional. São histórias de vida, habilidades, curiosidades, exemplos de experiências que pautam as notícias publicadas sobre aqueles que – de alguma forma – realizam atividades que se destacam entre os servidores ou magistrados. Pode ser no esporte, campanhas sociais, no trabalho diário, enfim, qualquer atividade ou ação que o diferencie. Com isso, anônimos ganham vida e são apresentados. Com o projeto "Jus_Social", o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo ganhou o X Prêmio Nacional de Comunicação e Justiça 2012 (categoria Endomarketing). 

        Comunicação Social TJSP – LV (texto) / Arquivo Pessoal (fotos)
        
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