Adoção: um gesto de amor que transforma vidas

Dia Nacional da Adoção é comemorado amanhã (25).

 

        Quem não fica comovido ao ver crianças e adolescentes vivendo em abrigos, sem uma família que proporcione carinho, afeto e os tão necessários conselhos? Quem nunca ouviu histórias de lares desestruturados, cujos desfechos resultam na entrega dos filhos para adoção? Infelizmente, essa é uma realidade que todos conhecemos, mas a adoção ainda é um tabu para muitos, apesar de o conceito de família, por muito tempo vinculado à genética, ter se transformado ao longo dos anos.

        Atualmente há, no Brasil, cerca de cinco mil crianças e adolescentes esperando para serem adotados, mesmo havendo 40 mil pretendentes à adoção. Somente no Estado de São Paulo são 9,3 mil pretendentes cadastrados, para 1,1 mil crianças e adolescentes disponíveis, 90% deles com idade superior a oito anos. Essa conta não fecha porque a enorme maioria dos que pretendem adotar busca crianças pequenas.

        A mudança desse cenário, de acordo com o juiz assessor da Corregedoria Geral da Justiça Iberê de Castro Dias, passa pela conscientização social. “Apresentar o tema para a população e propor reflexões sobre essa questão. Claro que não há nada de irregular em querer adotar um recém-nascido, ou uma criança de cinco anos, pois cada um sabe como deseja exercer seu sonho de ser pai ou mãe. Mas, também temos visto que boa parte dos habilitados sequer considerou a possibilidade de adotar uma criança com mais de oito anos, não porque não queira, mas porque nunca refletiu sobre o assunto.”

        O Dia Nacional da Adoção, comemorado na próxima sexta-feira (25), traz, segundo o magistrado “a possibilidade de colocar o tema da adoção em evidência e refletir sobre diversas questões que gravitam em torno dele, especialmente a barreira etária e formas de ampliar os números de adoção de crianças com mais de oito anos”.

        Adote um Boa-Noite

        Para ampliar as chances de adoção desses meninos e meninas, que aguardam uma família em abrigos de São Paulo, o Tribunal de Justiça de São Paulo lançou, em 2017, em parceria com a agência de publicidade F/Nazca Saatchi & Saatchi, a campanha “Adote um Boa-Noite”. A empresa apoiou o Tribunal e produziu gratuitamente a campanha para estimular e desestigmatizar a chamada “adoção tardia”. O nome da iniciativa remete a um momento de solidão das crianças abrigadas, que deixam de receber um beijo de “boa-noite” do pai e da mãe ao se deitarem para dormir.

        A agência criou o site www.adoteumboanoite.com.br, com fotos de alguns jovens disponíveis para adoção, que estão sob a jurisdição das varas da Infância dos Foros Regionais de Santo Amaro e do Tatuapé, na capital paulista.

        Desde o lançamento, diversas ações foram promovidas para proporcionar aos jovens momentos de alegria e entretenimento. Os clubes de futebol São Paulo e Corinthians, por exemplo, os levaram para assistir a jogos do Campeonato Brasileiro, com direito a camisas estilizadas e brindes. O juiz Iberê esteve presente no último domingo, no Estádio do Morumbi, para acompanhar com os menores o clássico entre São Paulo e Santos, e explicou que essas ações têm um objetivo que vai além da própria adoção. “Mais que adoção, a questão está em fazê-los conscientes de que são sujeitos de direito, que podem sonhar, desejar, e que não estão abaixo de ninguém na composição social, apesar de todas as dificuldades e preconceitos que enfrentam diariamente. O projeto tem propiciado que eles tenham voz ativa, inclusive na grande mídia. Já participaram de programas de TV, de rádio, de matérias jornalísticas, sempre como pessoas que merecem respeito, com direitos que nem sempre são atendidos.”

        O projeto tem apresentado bons resultados – das 32 crianças e adolescentes inseridos, 21 já estão em fase de aproximação, ou em estágio de convivência com adotantes –, mas Iberê de Castro Dias acredita que ainda há muito a ser feito. “O desejo de ser pai ou mãe é algo absolutamente pessoal. E também é pessoal a forma como quer exercer esse desejo. Há quem só queira filhos biológicos, há quem prefira meninas, há quem queira ter apenas um filho e todos esses sonhos obviamente são absolutamente legítimos. Mas, para aqueles que enxergam na adoção um caminho para satisfazer essa vontade de ser pai ou mãe, vale refletir sobre a possibilidade de adotar crianças com mais de oito anos. Tem que ser algo ponderado e refletido, é claro. Mas, é essencial ter em mente que essa também é uma possibilidade.”

 

        N.R.: texto originalmente publicado no DJE de 23/5/16.

 

        Comunicação Social TJSP – AM (texto) / RL (fotos) / F/Nazca (arte)

        imprensatj@tjsp.jus.br

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