Encenação no Palácio da Justiça rememora 93 anos da Revolução Constitucionalista
TJSP foi protagonista na luta pela democracia.
23 de maio de 1932. A população paulista se reúne em revolta aos atos autoritários do Regime Vargas, como a revogação da Constituição de 1891 e o cancelamento das eleições. Durante o protesto, 15 jovens foram feridos, sendo quatro de forma fatal (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo) e um seriamente ferido (Alvarenga), que faleceu em agosto daquele ano. Os fatos, que originaram a sigla MMDC, foram encenados, ontem (1º), no Salão dos Passos Perdidos, no Palácio da Justiça, em rememoração ao 93º aniversário do Movimento Constitucionalista. O evento, conduzido pelo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Fernando Antonio Torres Garcia, contou com a presença de integrantes do Conselho Superior da Magistratura (CSM), magistrados, autoridades civis e militares e servidores.
Quando se fala na Revolução de 1932, mais do que preservar as lembranças de uma batalha em prol do regime democrático, o TJSP relembra seu próprio protagonismo, marcado pelo discurso do ministro Manoel da Costa Manso, presidente da Corte à época, em favor dos ideais constitucionalistas, realizado no mesmo edifício em que ocorrem anualmente as tradicionais encenações – manifestação veiculada por rádio durante o conflito armado, em 31 de agosto do mesmo ano. Em 9 de julho de 1932, São Paulo começou a revolução, que durou 87 dias e contabilizou – oficialmente – 934 mortos, embora dados não oficiais reportem até 2,2 mil feridos fatalmente.
A homenagem é uma realização do TJSP, por meio do Museu (coordenado pelo desembargador Octavio Augusto Machado de Barros Filho) em parceria com a Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP), por intermédio da Assessoria Policial Militar do TJSP (APMTJ), da Diretoria de Educação e Cultura da Academia de Polícia Militar do Barro Branco (APMBB), do Regimento de Polícia Montada “9 de julho” e da Banda do Corpo Musical da PMESP. A encenação ficou por conta dos alunos do Curso de Formação de Oficiais da PMESP, com narração do cadete PM Eduardo, da APMBB, e músicas executadas pela Banda do Corpo Musical, sob a regência do maestro 1º Sargento PM Gleidson.
Discursos
Antes da encenação, o diretor de Educação e Cultura, coronel PM Victor Alessandro Ferreira Fedrizzi, representando o comandante-geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, agradeceu a parceria entre o TJSP e a PMESP na celebração do momento histórico e nas atividades operacionais. “É gratificante participar desse evento. Valorizando a história, nós valorizamos ainda mais o nosso presente e nos preparamos melhor para o futuro”, afirmou.
O presidente do TJSP, desembargador Fernando Antonio Torres Garcia, narrou a sucessão de episódios que permearam a Revolução de 1932, evidenciando a união do brasileiro de São Paulo e o caráter democrático do movimento. “O sacrifício dos paulistas, que lutaram bravamente nas trincheiras da legalidade, da liberdade e da justiça, não foi em vão. Afinal, enfraquecido pelo desgaste de uma guerra, o governo central não poderia continuar daquela forma. Daí, foi convocada a Assembleia Constituinte, após o que foi promulgada a Constituição de 1934”, declarou. Na sequência, declamou poema de Paulo Bonfim sobre “O Que Foi 32”:
“Enquanto houver injustiça,
Enquanto houver sofrimento,
Enquanto a terra chorar,
Enquanto houver pensamento,
Enquanto a História falar,
Enquanto existir beleza,
Enquanto florir paixão,
Enquanto o sonho for sonho,
Enquanto o sangue for sangue,
Enquanto existir saudade,
Enquanto houver esperança,
Enquanto os mortos velarem,
- É sempre 9 de Julho!”
O Museu do TJSP disponibiliza o discurso do ministro Manoel da Costa Manso (1876 – 1957). O exemplar de 15 páginas é encontrado no acervo digital, juntamente com o inquérito policial de 23 de maio de 1932. O inquérito físico está exposto no Palacete Conde de Sarzedas, sede do Museu. Por meio da exposição virtual Revolução 1932, a instituição permite acesso à memória do conflito, mesmo para quem está longe. Com materiais especialmente adaptados para divulgação em redes sociais, os cinco álbuns da mostra dão um panorama completo do movimento e seu contexto.
Também participaram do evento os integrantes do Conselho Superior da Magistratura (CSM),
desembargadores Artur Cesar Beretta da Silveira (vice-presidente), Francisco Eduardo Loureiro (corregedor-geral da Justiça) e Ricardo Cintra Torres de Carvalho (presidente da Seção de Direito Público); o subchefe de Gabinete da Defensoria Pública Geral do Estado de São Paulo, Marcelo Bonilha Campos, representando a defensora pública-geral; o comandante do quartel general do Comando Militar do Sudeste, coronel Costa e Silva; o comandante da APMBB, coronel PM Sandro Roberto Rondini; o chefe da APMTJ, coronel PM Marco Antonio Pimentel Pires; o delegado de polícia chefe da Assessoria Policial Civil do TJSP em exercício, Antonio Carlos Ortola Jorge, representando o delegado-geral; o presidente da Sociedade Veteranos de 32 – MMDC, Carlos Romagnoli; o conselheiro vitalício da Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo, Luis Gustavo da Silva Pires, representando o presidente; o assessor do Tribunal de Contas do Município, Américo Calandriello Júnior, representando o presidente; o prefeito do município de Palmeira D’Oeste, Valdir Semensati de Morais; representantes civis e militares e servidores.
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*N.R.: Texto originalmente publicado no DJE de 2/7/25
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