A atenção à saúde mental é essencial para uma vida pessoal e profissional equilibrada — e o Tribunal de Justiça de São Paulo tem olhado cada vez mais para esse cuidado. Neste ano, o Núcleo de Atendimento Psicossocial (Nuapsi) completou 30 anos de existência, com uma trajetória voltada à dedicação, empatia e ao acolhimento. Desde o início, essa história foi marcada pela atuação de magistrados e servidores comprometidos com o bem-estar de seus colegas, como é o caso de Maria José Madeira, chefe da Seção Técnica de Psicologia, que atua no setor desde sua criação, em 1995.

A jornada da servidora no TJSP começou 17 anos antes, em 1978, quando ingressou como oficial judiciário. No ano seguinte, cursando Psicologia, estagiou em unidades da antiga Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor (Febem) e em ambulatórios de saúde mental. “Queria me preparar para uma vaga no Serviço de Colocação Familiar, que possibilitava o acompanhamento familiar como alternativa à internação”, relembra. 

Ao longo dos anos, Maria José participou de marcos significativos para a consolidação da área de Psicologia no TJSP: esteve nas primeiras audiências interdisciplinares das Varas da Infância e da Juventude – que, na época, recebiam outra denominação –, foi aprovada no primeiro concurso para psicólogo judiciário, atuou na criação do Setor Psicossocial, e, posteriormente, do Nuapsi. "A história da Psicologia no TJSP está ligada à minha trajetória. Já prestávamos serviços nas varas e passamos a ter um olhar de cuidado com os servidores também. Começamos com três psicólogos e três assistentes sociais. A procura por psicólogos, na época, era muito discriminada, mas sempre tivemos muito trabalho. Tínhamos uma fila de espera grande”, conta a servidora, que considera o Nuapsi como uma espécie de filho. 

Além da satisfação pessoal, a atuação de Maria José impactou diretamente a vida de centenas de servidores, que encontraram nos atendimentos um espaço seguro para acolhimento, escuta e fortalecimento emocional. “A minha vida no Tribunal foi servir com muito carinho. É algo que foi conquistado, hoje temos um espaço de cuidado, empatia pelo outro e olhar atento ao funcionário que trabalha tanto", diz. 

Próxima da aposentadoria compulsória, ela rememora com carinho sua trajetória. “Sinto que cumpri minha missão. Sou muito grata por todos esses anos no Tribunal. Levo comigo o idealismo, a motivação e a disposição de ajudar na melhoria contínua do TJSP. Saio com o coração cheio, por ter feito parte de uma equipe tão talentosa, acolhedora e comprometida.”

O Nuapsi atua em duas frentes principais. Além do Serviço Psicossocial Clínico, que oferece a magistrados e servidores programas de acolhimento, atendimento psicossocial individual e psicoterapia breve, há o Serviço Vocacional, que auxilia nas escolhas e desempenho ocupacional. Ao longo de sua existência, a equipe cresceu, e hoje tem mais de 80 servidores. “O Serviço foi se fortalecendo com amor, coragem, dedicação e transparência. A semente germinou e se expandiu para outras comarcas", comemora. 

Ao refletir sobre sua trajetória, Maria José resume com beleza o sentido do que construiu: “Poder sentir que o exercício da minha profissão não foi em vão, por ter reconhecido a existência do outro e me preocupado com sua qualidade de vida — isso é o que me deixa mais feliz.”

 

Comunicação Social TJSP – BC (texto) / MS (arte)

 

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