CIJ discute construção social do abusador incestuoso em palestra
Compreensão, identificação e narrativas.
A Coordenadoria da Infância e da Juventude (CIJ) e a Escola Judicial dos Servidores (EJUS) do Tribunal de Justiça de São Paulo realizaram, na sexta-feira (18), a palestra “A construção social do abusador sexual incestuoso: reflexões necessárias”, ministrada pela pós-doutora em Serviço Social e supervisora do grupo de formação “Do Caso ao Laudo” do TJSP, Sandra Eloiza Paulino. O evento foi mediado pelo juiz do Departamento de Execuções da Infância e da Juventude Bruno Santos Vilela.
A palestrante abordou os aspectos que contribuem para a construção social do abusador sexual incestuoso. Ela destacou três elementos facilitadores: papéis de gênero, violência de gênero e noção de masculinidade. “O papel atribuído ao homem, vinculado ao poder em uma lógica patriarcal, coloca a mulher em posição de submissão e a criança em um lugar de não sujeito”, explicou.
Em seguida, Sandra Eloiza Paulino apresentou os resultados de estudo realizado a partir da análise de narrativas de homens privados de liberdade por estupro de vulnerável. A profissional identificou a presença de múltiplas violências ao longo da vida dessas pessoas, além da negação tanto das violências sofridas quanto das praticadas. Para ela, isso está fortemente relacionado à construção social dos gêneros. “A visão de que o homem deve ser forte contribui para que eles não reconheçam as violências vividas na infância. E como reconhecer as violências que praticaram se não compreendem as que sofreram?”, indagou.
Por fim, refletiu sobre o silenciamento em torno do abusador, que é excluído do debate e colocado como alvo de julgamento, impedindo a reflexão sobre o crime cometido. “Esse silenciamento não é apenas do Estado, mas social, e traz prejuízos ao desenvolvimento do sujeito e à sua reintegração na sociedade”, ressaltou.
Comunicação Social TJSP – BL (texto) / PS (reprodução e arte)
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