Desembargadora Maria Cristina Zucchi recebe Prêmio Honorário.
O Tribunal de Justiça de São Paulo e a Associação Paulista de Magistrados realizaram, hoje (11), a solenidade de premiação do 3º Prêmio #Rompa TJSP/Apamagis, que reconhece práticas no combate à violência de gênero em todo o estado. Foram vencedores os projetos Soul Feminina, da juíza da 3ª Vara de Adamantina Ruth Duarte Menegatti (categoria Magistrada/Magistrado); Marias da Penha, da Unidade Municipal de Ensino Professor Orlando Adegas, de Santos (categoria Entidade Pública); e Apolônias do Bem, da ONG Turma do Bem (categoria Sociedade Civil). Conduzida pelo presidente do TJSP, desembargador Fernando Antonio Torres Garcia, e pela 2ª vice-presidente da Apamagis, juíza Laura de Mattos Almeida, a cerimônia também homenageou a desembargadora Maria Cristina Zucchi, primeira mulher eleita a integrar o Órgão Especial, que foi agraciada com o Prêmio Honorário. Assista à premiação.
A terceira edição do #Rompa, que é realizado bianualmente desde 2021, teve um número recorde de participantes – 70 práticas inscritas. Todos os trabalhos foram avaliados por Comissão Julgadora composta por 15 juradas, cinco em cada categoria, com base nos critérios de resultados, criatividade e inovação, qualidade, replicabilidade e alcance social. Os finalistas levaram troféus e certificados e, na categoria Sociedade Civil, houve premiação em dinheiro, custeada pela Apamagis: R$ 10 mil para o vencedor, R$ 6 mil para o segundo colocado e R$ 4 mil para o terceiro. Também houve menção honrosa a uma prática de cada categoria – confira a lista completa abaixo.
Cerimônia
Em nome de todos os premiados, a desembargadora Maria Cristina Zucchi destacou o caráter emblemático do prêmio no reconhecimento público aos projetos finalistas. “Quando uma iniciativa como essa reúne tantas práticas e olhares comprometidos com a transformação social, ela nos lembra algo fundamental: Justiça não é apenas aplicar a lei, é construir caminhos para que a dignidade se realize na vida concreta das pessoas. Cada trabalho aqui representado afirma, na prática, que nenhuma mulher está sozinha ou desprezada, e mostra o quanto a mulher é capaz de enfrentar e conquistar." A desembargadora também refletiu sobre sua trajetória na Magistratura e reforçou que, se chegou até aqui, “foi porque muitas promoveram e tentaram antes, e cada tentativa anterior deixou sua marca”. “Acredito, com toda convicção, que minha trajetória não pertence apenas a mim, mas a todas a mulheres”, disse a homenageada, que se aposentou neste ano, após mais de duas décadas dedicadas à Magistratura paulista, na qual ingressou pelo critério do 5º Constitucional - Advocacia.
Representando o presidente da Apamagis, a 2ª vice-presidente da associação, juíza Laura de Mattos Almeida, diretora do maior fórum cível da América Latina, o Fórum João Mendes Júnior, enalteceu mais uma exitosa parceria entre o Tribunal e a Apamagis. “O envolvimento do Poder Judiciário paulista na rede de combate à violência contra a mulher, com projetos como o Prêmio #Rompa, com a divulgação de canais de atendimento e com informações sobre medidas protetivas, é motivo de efusivo aplauso. Quero parabenizar os premiados por serem parte dessa batalha pela vida das mulheres e por transformarem o mundo de forma empática, simples e efetiva. Merecem o reconhecimento da sociedade e do Poder Judiciário”, declarou a juíza.
O presidente Fernando Antonio Torres Garcia também evidenciou a importância da premiação por propagar iniciativas que promovem cuidado, acolhimento e esperança, sobretudo em uma realidade marcada por estatísticas alarmantes de mulheres violentadas todos os dias. “A violência doméstica não é um problema individual, mas um desafio coletivo, que exige união de instituições, da sociedade e de cada um de nós. Cada projeto premiado é fruto de dedicação silenciosa, de mãos estendidas quando tudo parecia ruir. São pessoas e instituições que acreditam que a prevenção é tão importante quanto a punição e que a proteção é essencial para devolver dignidade e segurança”, disse. O magistrado enfatizou que o rompimento do ciclo exige leis, políticas públicas e instituições fortes, mas também consciência, educação e empatia. “Aos que participaram desta edição, saibam que o TJSP se orgulha de caminhar ao seu lado e apoia seu trabalho incansável, sustentado pela convicção de que é possível mudar realidades. Que seus exemplos possam se multiplicar e que possamos nos orgulhar da sociedade que, juntos, somos capazes de construir”, concluiu.
Os agradecimentos também foram estendidos às integrantes da Comissão Organizadora, composta pelas juízas Karina Ferraro Amarante Innocencio (indicada pela Presidência), Camila de Jesus Mello Gonçalves (indicada pela Corregedoria Geral da Justiça), Lívia Antunes Caetano (indicada pela Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Estado de São Paulo – Comesp) e Ana Carolina Della Latta Camargo Belmudes (indicada pela Apamagis); e às 15 juradas – confira a lista aqui.
Também prestigiaram a solenidade o corregedor-geral da Justiça e presidente eleito para o biênio 2026/2027, desembargador Francisco Eduardo Loureiro; a corregedora eleita para o próximo biênio, desembargadora Silvia Rocha; o presidente eleito para a Seção de Direito Privado, desembargador Roberto Nussinkis Mac Cracken; a promotora de Justiça da Casa da Mulher Brasileira, Juliana Mendonça Gentil Tocunduva, representando o procurador-geral de Justiça; o assessor de gabinete da Secretaria Municipal de Justiça, Felipe Leal, representando o prefeito de São Paulo; a defensora pública assessora da Casa da Mulher Brasileira, Raquel Peralva Martins de Oliveira, representando a defensora pública-geral; a atual vice-presidente e presidente eleita da Associação dos Advogados de São Paulo em 2026, Paula Lima Hyppolito Oliveira; o chefe da Assessoria Policial Militar do TJSP, coronel PM Marco Antonio Pimentel Pires; o chefe da Assessoria Policial Civil do TJSP, delegado de Polícia Tiago Antonio Salvador; além de magistrados, representantes de instituições civis e militares, integrantes das Comissões Organizadora e Julgadora, representantes das práticas finalistas e menções honrosas, servidores da Justiça, amigos e familiares dos premiados.
Finalistas e menções honrosas
O projeto Soul Feminina, vencedor da categoria Magistrada/Magistrado, é uma iniciativa interdisciplinar que atua na prevenção da violência por meio ações educativas e reflexivas em diversos núcleos de atuação, abrangendo educação, assistência social, sistema prisional e o hospital psiquiátrico de Adamantina. O segundo lugar ficou com o projeto Masculinidades em Transformação, da juíza Gislaine de Brito Faleiros Vendramini (1ª Vara Criminal de Votuporanga), que consiste em encontros presenciais entre homens condenados por violência doméstica, disponibilizando espaços de escuta, reflexão e mudança de comportamento. O terceiro colocado foi o projeto Clarisse me Disse, da juíza Caroline Costa de Camargo (2ª Vara de Capão Bonito), livro infantil que ensina a reconhecer e romper ciclos de violência doméstica. A menção honrosa foi para o projeto Flor de Lis, da juíza Patrícia da Conceição Santos (Vara Única de Urupês), que promove atuação em rede em municípios da região para acolher e apoiar vítimas de violência doméstica.
Na categoria Entidade Pública, o projeto vencedor foi Marias da Penha, da Unidade Municipal de Educação (UME) Professor Orlando Adegas, em Santos, que oferece espaço de fala e escuta, debate e reflexão para mulheres do Morro da Penha, com oficinas, palestras e vivências culturais. Em segundo lugar ficou o Sistema Único de Atenção à Mulher de Mauá (SUAMM), executado pela Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres do município, que articula saúde, assistência social, segurança pública, justiça, educação, trabalho e habitação. O terceiro lugar foi para a prática Para Além, Todo Dia, do Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Droga (CAPS AD) e do Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência de Francisco Morato, que tem enfoque no cuidado de mulheres em uso abusivo de substâncias psicoativas vítimas de violência. A menção honrosa ficou com o projeto Fortalecendo sua História, do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) de Itararé, que promove encontros semanais de acolhimento, orientação, reflexão e fortalecimento.
O projeto Apolônias do Bem, da ONG Turma do Bem, venceu a categoria Sociedade Civil e oferece tratamento odontológico integral e gratuito a mulheres que vivenciaram situações de violência e tiveram a dentição afetada durante as agressões. O segundo colocado foi Dandara de Portas Abertas, do Centro Dandara de Promotoras Legais Populares, que consiste em atendimento psicológico, advocatício, social, terapêuticos, entre outros, a mulheres em situação de violência e vulnerabilidade social. O terceiro lugar ficou com o Mapa do Acolhimento, executado pela organização de mesmo nome, que reúne ampla rede de voluntariado estruturado do Brasil e também atua no aprimoramento de serviços públicos e no fortalecimento da sociedade civil. A menção honrosa da categoria homenageou o projeto Autodefesa para Mulheres em Situação de Violência, de Tainá Arouck Damasceno Maia Farrielo, voltado para ensino de técnicas de autodefesa para a proteção de mulheres.
Saiba mais sobre todos os projetos finalistas aqui
Comunicação Social TJSP – RD (texto)
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